Está aí um lugar que encanta: Peru! E os motivos são vários: por seu povo super simpático e amigável, sua cultura singular, sua gastronomia riquíssima, sua história incrível e curiosa, além de uma natureza deslumbrante e diversa. Daí já dá para sentir que os motivos para conhecê-lo são muitos e as experiências, com certeza, serão as melhores.
Optamos por fazer a nossa primeira visita ao Peru no mês de julho (inverno), pelo menor risco de chuvas. O roteiro definimos entre os seus principais atrativos, mas sabemos que há muito mais a se explorar por lá! Passamos por Lima - Arequipa - Puno (lago Titicaca) - Cusco (onde fizemos várias programações e partimos para vários passeios, como a região do Vale Sagrado, a Lagoa Humantay e a Montanha Colorida) - Ollantaytambo e Machu Picchu, num total de 15 dias. Não fiz como nos blogs de viagem a separação por temas, pois, para quem quer conhecer essa região já estará tudo aí. E um lugar lindo como esse e com tanto conteúdo, claro que gera muitas fotos, mas vale à pena ir até o final do post para conhecer todas essas maravilhas e curiosidades. Ahhh, e no final também irei colocar dicas de alguns dos restaurantes que mais gostamos durante a viagem e os hotéis.
Lima é uma cidade enorme e quem quiser conhecê-la de verdade necessitará ficar mais tempo. Nós ficamos apenas um dia por priorizar os passeios próximos a Cusco. Com pouco tempo disponível acabamos fazendo pela manhã um city tour básico nos principais pontos da cidade e à tarde visitamos o Museu Larco que é super interessante.
Vista de uma das praias em Lima
Uma visita que nos surpreendeu no city tour foi a de conhecer o trabalho do artista plástico peruano Jade Rivera que é incrível. Esta é a entrada da sua galeria e as pichações são mensagens permitidas e instigadas pelo próprio autor à população.
Peru é famoso por sua grande variedade de milhos, batatas, quinoa, entre outros produtos alimentícios, e vale a pena experimentar o máximo deles. Esse milho de cor roxa, o maíz morado, por exemplo, que para mim é negro, é usado apenas na preparação de um refresco, que achei bem gostoso, típico da região: a chicha morada.
O Museu Larco é imperdível para quem se interessa por história. Lá você tem a história do Peru antigo toda contada por meio de cerâmicas e peças artesanais super conservadas, oriundas de escavações arqueológicas e colecionadores.
Sabemos que as culturas antigas deixam sobre nós muitas influências. Aqui estão algumas peças muiiito antigas e nas quais podemos reconhecer semelhanças com obras e culturas de tempos mais atuais como, seguindo à ordem, o cubismo de Picasso, um ato de massagem cardíaca, pessoas com piercing e tatuagens, o "Batman", cangaceiros e, brincadeiras à parte, a última, uma representação linda de um parto natural que, na época, era a única possibilidade como via de nascimento. Esta me encantou em especial por eu acompanhar partos. Poder ver em uma peça tão antiga uma mulher tendo seu bebê apoiada por seu parceiro e uma parteira foi incrível. O que achei mais interessante é a expressão dela tão relaxada, o que mostra o quanto o parto era para eles realmente "natural" e o quanto essa prática deveria ser mais respeitada nos dias de hoje.
Seguimos para Arequipa. Era para ficarmos lá por um dia e meio, mas com o atraso do avião chegamos no final do dia e tivemos apenas o dia seguinte para aproveitar essa cidade linda. É pouco, mas dessa vez, como disse, nossa prioridade foi a região próxima a Cusco. Aí se tem a vista de um dos imponentes vulcões que cercam a cidade.
Visitamos o Monastério de Santa Catalina, construído em 1579 como uma pequena cidade para que freiras pudessem morar em clausura. Hoje esse mosteiro é aberto ao público, mas ainda possui uma área reservada para as freiras que lá vivem. As cores vibrantes do seu interior se contrastam com o restante da cidade, toda branca. É muito bonito e bem grande, portanto, é bom ter cuidado para não se perder no tempo, caso pretenda visitar outros locais no mesmo dia.
No Peru, vê-se uma grande variedade de cactos, cada um mais lindo que o outro.
Fizemos questão de visitar um mercado para conhecer a variedade de ofertas que existe no Peru. O milho branco e enorme que aparece na imagem à esquerda é muito usado em pratos típicos e é uma delícia! Há também uma grande variedade de frutas típicas da região muito gostosas! As que experimentamos e gostamos foram: a granadilla, que lembra o sabor do nosso maracujá doce, a cherimoya, que lembra a pinha, o aguaymanto, conhecida por aqui como physalis, a pitaya, que achei mais saborosa e doce do que a que compramos por aqui, a tuna, fruta de um cacto, e a lucuma, que gostei mais do sorvete do que da fruta em si. Todas de custo bem inferior ao do Brasil.
Olha a variedade de batatas!
A Praça de Armas de Arequipa dizem ser a mais bonita do Peru. E realmente é linda.
Você pode ter uma vista da praça do alto da Catedral (foto anterior), que se fecha às 17h para visitação, ou de algum dos restaurantes que ficam no terraço dos prédios que a contornam (foto acima) e aproveitar para tomar um Pisco Sour.
Aí já estamos no finalzinho do dia, despedindo de Arequipa, a Cidade Branca, toda construída com silhar (pedra branca de origem vulcânica).
No outro dia partimos em uma van para Puno. Paramos no caminho em um pequeno estabelecimento para tomar um lanche e uma bebida para nos ajudar na aclimatação com a altitude. Essa é uma vantagem também de não termos ido direto para Puno, pois assim, além de termos conhecido Lima e Arequipa, fomos adaptando aos poucos com a altitude. Lima está no litoral, altitude praticamente zero, Arequipa, a 2.335 m de altitude na região mais central da cidade, e Puno, a 3.800 m de altitude.
Essa é uma bebida composta com folhas de coca, muña (lê-se munha) e chachacoma, muito usada para diminuir os efeitos causados pela altitude, como dor de cabeça e tonturas.
A grande atração em Puno é sem dúvida o passeio no Lago Titicaca, o lago navegável mais alto do mundo, localizado a 3.800 m de altitude. Esse é um passeio que leva um dia inteiro, por isso o ideal é chegar um dia antes em Puno. Para o trajeto existem como transporte barcos mais rápidos e outros mais demorados que dizem ser bem cansativos, por isso escolhemos o mais rápido. A primeira parada é em uma das ilhas flutuantes de Uros, feitas inteiramente de totora, uma espécie de junco que cresce abundantemente no lago.
A totora está presente não somente nas construções das ilhas, mas das casas, barcos e artesanatos. Também é utilizada para fins medicinais e até como alimento pela população local, tendo um sabor e uma textura que lembra um pouco a do palmito.
O passeio nas barcas típicas, algumas enfeitadas com cabeça de puma, é opcional, mas vale a pena pela experiência. Hoje elas são utilizadas pelos nativos praticamente apenas como um atrativo turístico e não mais como transporte. O turismo representa para eles uma das suas principais fontes de renda e tudo lá parece se mover em torno desse propósito, mas nem por isso deixa de ser encantador. Durante o trajeto da barca chuviscou um pouquinho e a água do lago logo ficou escura como reflexo do tempo nublado. Ainda bem que o sol voltou a reaparecer rápido!
Quem conduziu a barca que pegamos foram essas duas mulheres super simpáticas com seus trajes típicos.
Depois do passeio elas deram uma pequena aula de como constroem as ilhas. As ilhas são ancoradas no lago e podem se mover se necessário. A base da ilha é feita com a raiz da totora que me lembrou muito o aspecto de um xaxim. As raízes são cortadas em blocos que depois são amarrados uns aos outros até darem o tamanho da ilha. Em seguida, assentam sobre essa estrutura camadas de totoras formando um tapete, o piso da ilha (veja a imagem acima). Com o uso e pela ação do tempo, essa camada feita de totoras começa a se deteriorar e à medida que isso acontece eles vão sobrepondo outras novas camadas. Uma ilha flutuante, recebendo essa manutenção cuidadosa, dura em média de 30 a 40 anos. Quando elas ficam com muitas camadas sobrepostas podem começar a submergir, então, eles partem para a construção de uma nova ilha.
A preparação dos alimentos é feita fora das casas em pequenos fogões colocados sobre uma pedra ou um bloco de raiz de totora, a fim de isolar o fogo e evitar um incêndio na ilha.
Em uma outra ilha flutuante de Uros paramos para que pudéssemos tomar chá, de coca ou de ervas, a fim de prevenir os males da altitude. Nessa mesma cabana também se pode carimbar o passaporte para deixar registrada sua visita ao Lago Titicaca. Infelizmente esquecemos de levar os nossos!
Eu e minha turminha.
Próxima parada foi a Ilha Taquile para almoçarmos, agora, em terra firme! De lá se tem uma vista linda do lago, que de tão extenso, parece o mar.
Para chegar na parte comercial da ilha precisamos subir um longo caminho. A altitude torna esse trajeto bem mais difícil. Nosso guia colheu no meio do caminho raminhos de muña para cheirarmos e fez toda a diferença. A população do Peru tem um grande conhecimento sobre suas plantas e sabem como utilizá-las para vários fins, incluindo medicinais.
Essa, por exemplo, é uma planta que eles a trituram, apertam em um pano e da espuma que solta lavam a lã que de marrom fica branca em 2 tempos, quase mágica!
Olhe o contraste entre a lã branquinha que acabou de ser lavada, com a lã que ainda estava suja.
Hora de voltar! Despedindo dessa vista linda!
E dando adeus a Taquile!
No caminho de volta a luz estava mágica sobre as ilhas de Uros e pudemos observar alguns nativos em suas atividades rotineiras, como a pesca, a colheita de totoras e sua separação para os diversos fins.
Para quem está com mais tempo e deseja vivenciar uma experiência diferente há a opção de pernoitar em algumas das ilhas de Uros. Esse rapaz, por exemplo, estava esperando um casal, que seriam seus hóspedes nessa noite, descerem da nossa embarcação.
Essa plaquinha é uma saudação de boas vindas, em aymara, para os visitantes das ilhas de Uros. Ela fica bem na entrada para as ilhas. Como quando chegamos estava chovendo, tirei essa foto na despedida, ao sairmos das ilhas.
O que não falta em Puno, onde ficamos hospedados para poder visitar o lago Titicaca, são as mototáxis, um triciclo também conhecido em outros países como Tuk-Tuk. Há várias delas tumultuando a cidade!
Outra coisa comum de se ver pelas ruas são os pães vendidos em bancas. Esses pães, típicos da região, estavam sempre presentes nos nossos cafés da manhã e são muito gostosos.
Nosso trajeto até Cusco foi de ônibus, via Inka Express, pela conhecida Rota do Sol. Saímos de Puno pela manhã, bem cedinho, e chegamos no fim da tarde, em Cusco. Durante o caminho fizemos 5 paradas, todas acompanhadas por um guia. A primeira parada foi no Museu Pukará (3.900 m de altitude), que é muito simples, mas com um rico acervo de uma civilização que viveu nessa região por volta de 500 a.C. até 200 d.C., ou seja, uma cultura pré-inca. Nossa segunda parada foi bem rápida, mas a mais linda, na fronteira entre Puno e Cusco, na região de Abra La Raya (4.335 m de altitude), de onde pode-se observar a imponente APU Chimboya (foto acima). Na mitologia inca apu se refere aos espíritos da montanha ou às montanhas sagradas. Aí também encontra-se uma pequena feirinha de artesanato. A terceira parada foi em Sicuani (3.552 m de altitude) para almoçarmos no restaurante Marangani, um self-service de comida típica e que conta em seu primeiro andar com um pequeno museu de interessante acervo. A quarta parada foi no Templo de Wiracocha, em Raqchi (3.225 m de altitude), onde se viveu um grande número de pessoas da civilização inca. E, finalmente, a quinta parada foi na igreja de São Pedro Apóstolo, em Andahuaylillas (3.122 m de altitude), também conhecida na região como a "Capela Sistina" da América. É uma igreja de estilo barroco, datada de 1610, quase toda coberta por artes sacras em pintura e ouro. É realmente muito linda, mas não pode ser fotografada.
Essa é uma moradora local que vi saindo das proximidades da casinha que está na foto acima para a feira de artesanato na beira da estrada. Parece longe, mas ela chegou perto de onde estávamos rapidinho.
Esse é o imponente Templo de Wiracocha, em Raqchi, uma verdadeira cidade inca. O teto original do templo era feito de palha e armação de madeira. Tijolos foram colocados sobre essas paredes para protegê-las contra infiltrações por águas da chuva, pois são feitas de pedra e adobe. Observe o tamanho das pessoas perto dessas paredes.
As três fotos acima são mais algumas das construções próximas ao templo. Há indicações de moradias, locais para armazenamento de alimentos, entre outras estruturas. Ao fundo dessa última imagem pode-se observar sobre a montanha um muro que contorna toda a cidadela protegendo-a.
Em Cusco (3.400 m de altitude) há vários sítios arqueológicos para se visitar. Fazer essas visitas acompanhada por um guia experiente torna a viagem, sem dúvida, muito mais interessante e encantadora. A guia que nos acompanhou de Cusco até Machu Picchu, Melissa, é excelente. Além de uma ótima companhia, possui um conhecimento profundo sobre a história do Peru.
O primeiro sítio que visitamos foi o de Saqsaywaman. Logo na entrada do sítio existe um placa com o nome dos que foram os 14 Inkas. Inka (com k), em quechua, significa algo como rei, ou chefe supremo, o filho do sol. O termo "imperador" e "civilização" Inca veio com os espanhóis. Assim o rei era denominado Inka e as demais pessoas, Quechua. Nessa civilização falavam-se 3 línguas: o quechua, hoje falada mais em Cusco, o aymara, falada atualmente mais na região do Titicaca, e a puquina, já extinta.
Saqsaywaman localiza-se no alto de uma colina de onde se tem uma bela vista do centro de Cusco. Os espanhóis acreditavam que Saqsaywaman era uma fortaleza, mas estudos mais recentes levam a acreditar que esse era um centro cerimonial.
Lá é o local onde se encontram as maiores pedras utilizadas nas construções incas. Curioso é observar o encaixe preciso entre elas, sem nenhum tipo de argamassa. Apesar de existirem algumas suposições, ainda há, na verdade, um grande mistério sobre a técnica utilizada pelos incas para alcançarem um corte e um encaixe tão perfeito de suas pedras, bem como sobre a maneira que as transportavam.
Acredita-se que essa escavação em forma de serpente era originalmente preenchida com metal e pedras preciosas. Para a civilização inca existiam 3 animais considerados sagrados: a serpente, por representar o mundo inferior habitado pelos espíritos dos mortos, dos ancestrais; o puma, que para eles representava o mundo da nossa existência cotidiana, o mundo dos vivos; e o condor, como representante do mundo superior habitado pelos deuses andinos.
Tambomachay (lugar de descanso, em quechua) é um sítio arqueológico considerado pelos estudiosos como sagrado para os incas, destinado ao culto da água. Nele pode-se observar nichos onde supõe-se ter abrigado estatuetas sagradas, além de aquedutos por onde ainda passam, ao longo de todo o ano, águas cristalinas provenientes da região.
Enquanto estávamos em Tambomachay, passou sobre o templo uma tropa de lhamas.
Visitamos, também, bem próximo a Tambomachay, o sítio arqueológico Pukapukara, que consideram ter sido um centro de controle para recolhimento de impostos. Não existia moeda na época, então, havia um sistema de troca de produtos.
Depois seguimos para o sítio arqueológico de Q'enqo, que foi bastante destruído pelos espanhóis. Há nele indícios que levam a acreditar ter sido um centro destinado a vários fins, como rituais para mumificação, cerimônias de fertilidade, bem como um observatório astronômico. Uma área curiosa, mas que não pode ser mais visitada, é na parte superior do sítio. Ela é vista na placa da imagem acima, onde há um canal em zigue-zague. Segundo nossa guia, durante as cerimônias de fertilidade, deixavam escorrer por esse canal chicha (uma bebida fermentada de milho considerada sagrada) ou sangue de lhama sacrificada e, dependendo por qual caminho o líquido escorria, previam-se se o ano por vir seria ou não fértil e de grandes colheitas.
Qorikancha, que em quechua significa recinto dourado, foi um templo de grande relevância para os incas: o Templo do Sol. Constituía-se, na verdade, de 5 templos de grande importância para eles: o templo do sol, da lua, das estrelas, do arco-íris e do raio. Com a invasão espanhola, parte dele foi demolida e sobre a sua base foi construído o convento de Santo Domingo. Durante a viagem vimos vários exemplos como esse: construções espanholas que aproveitaram, como base, as intricados paredes de pedra construída pelos incas.
A maquete acima simula como seria o templo original. O templo do sol era recoberto com folhas de ouro e o da lua, com folhas de prata, mas tudo foi perdido com a construção do convento. Sua localização é bem central, próxima a Praça de Armas de Cusco.
Nas imagens acima, sentido horário, mostro algumas curiosidades que observamos nesse templo. Na primeira, tem-se uma parede de um ambiente externo do convento inacabada devido a invasão espanhola. Acredita-se que essas protuberâncias presentes nas pedras eram utilizadas como apoio para carregar as pedras e assentá-las e depois, finalizada a obra, eram removidas sem deixar vestígios. Na segunda imagem, pode-se ver a perfeição do encaixe entre as pedras, sem que houvesse nenhum material entre elas. Quanto mais importante era o templo, melhor era esse acabamento. Na terceira imagem, pode-se observar várias janelas trapezoidais perfeitamente calculadas para se posicionarem alinhadamente, uma constante na arquitetura inca. Como excelentes estudiosos astronômicos, muitos desses alinhamentos eram também calculados para que no solstício de inverno a luz iluminasse algum local sagrado. E por fim, na última imagem, pode-se observar alguns dos sistemas de encaixe que entalhavam na parte interna das pedras a fim de aumentar a resistência de suas paredes aos abalos sísmicos da região. Essa era uma forma das pedras ficarem bem ancoradas umas as outras. Seria como, grosseiramente comparado, aos encaixes daquele brinquedo Lego.
As paredes incas possuem uma pequena inclinação de 5° a 6° que consideram ser também uma proteção contra os abalos sísmicos. Fato é, que no terremoto de 1950 as partes construídas pelos espanhóis desabaram e os alicerces incas suportaram firmemente ao tremor. Hoje a parte original de Qorikancha ainda existente funciona como museu e objeto de estudos. Antes, os espanhóis a havia recoberto com gesso e pinturas.
Quando saímos de Qorikancha para almoçar e seguimos para a Praça de Armas, nos deparamos com uma grande festa religiosa em homenagem a Virgem de Assunção. Nossa guia nos disse que lá existem, ao ano, inúmeras festas religiosas.
Depois do almoço, passeamos pelo mercado de Cusco, com sua vasta gama de produtos. Foi uma ótima oportunidade para a nossa guia nos contar um pouco mais sobre as tradições locais, como em relação aos tecidos, alimentos e pratos típicos. Curioso também foi conhecer a grande variedade de plantas e chás medicinais que possuem e como são amplamente usados e apreciados pela população. E claro, aproveitamos para comprar mais algumas das deliciosas frutas da região.
Em nosso segundo dia em Cusco fomos pela manhã ao povoado de Chinchero (3.760 m de altitude). Nossa primeira parada foi em um centro têxtil onde recebemos explicações de como fazem a preparação da lã e seu tingimento com produtos naturais. É bem turístico, mas interessante. Eu, pelo menos, sempre gosto de saber mais sobre a cultura e as tradições dos locais que visitamos.
As lãs são tingidas com pigmentos naturais dos quais se obtêm uma gigantesca gama de tons, dos mais vibrantes aos mais pastéis. O que achei mais interessante foi o proveniente do parasita cochinilla (Dactylopius coccus) que se dá em um cactos da região. Pode-se vê-lo na foto acima: essa poeirinha branca sobre o cactos. Quando o aperta sai uma tinta de vermelho intenso do seu interior. Nem dá para acreditar! Esse pigmento foi considerado como um tesouro pelos colonizadores espanhóis devido ao grande impacto que causou na Europa. A cor vermelha proveniente desse parasita era muito mais intensa e duradoura do que qualquer outra disponível na época, tornando-se super requisitada, tanto para o tingimento de tecido suntuosos da realeza, como para as tintas de famosos pintores europeus.
Aí também se encontram algumas alpacas e lhamas que pertencem à criação desses artesãos para a produção de lã. Essas mais peludinhas da imagem são as alpacas que fornecem uma lã mais macia e leve que a lhama.
Apesar de ser um local voltado para a atividade têxtil eles também possuem um pequeno criadouro de Cuy, o nosso porquinho-da-índia. Por lá é comum a criação desses animais para consumo próprio. Sua carne, com alta proteína e baixo teor de gordura, é muito apreciada. Está sempre presente nos cardápios peruanos. Dá uma dozinha, mas é uma tradição local!
Em seguida, fomos visitar uma região próximo a Igreja local com vários terraços incas. Os terraços além de prevenirem erosões por fazerem as águas das chuvas perderem força ao escoarem, permitem um maior aproveitamento da região montanhosa para a agricultura e oferecem a possibilidade de uma maior diversidade no plantio. Cada andar possui um microclima pela altitude em que se encontra. À medida que se desce os andares dos terraços a temperatura torna-se gradualmente mais aquecida.
Aqui pode-se ver a terra sendo preparada para o plantio de batatas.
Perto desses terraços é comum encontrar mulheres locais separando os diferentes tipos de batatas para secagem.
Aos domingos, há uma feira local onde se encontram desde os mais diversos produtos agrícolas a artesanatos, além de refeições.
Esse é o Huaypo Green, um lugar simples, integrado com a natureza, onde almoçamos. Além da comida deliciosa, o cenário é lindo!
Após o almoço, seguimos para as próximas visitas: o sítio arqueológico de Moray (3.500 m de altitude) e a salineira de Maras (3.380 m de altitude).
Acreditam que os intrigantes terraços circulares de Moray, com seus complexos sistemas de irrigação e armazenamento de água proveniente das chuvas, funcionavam como um centro de experimentação agrícola para os Incas. Lá testavam o plantio de diferentes espécies e qualidades de planta de acordo com a diferença climática que observavam em cada um de seus níveis. A temperatura do nível superior para o mais inferior pode variar em torno de 15°C. Chegaram a cultivar com êxito diversas espécies vegetais.
Marasal é uma mina de sal localizada próximo a vila de Maras. São inúmeras piscinas, dispostas em um sistema de terraços, abastecidas por uma rede de canais com água salinizada proveniente de uma nascente local. O sal se obtém pela evaporação dessa água salgada. O mais legal é saber que esse intrigado sistema começou em civilizações pré-icas, foi aperfeiçoado pelos incas e segue, desde então, sendo explorado da mesma maneira pela população local.
De lá se tem uma vista linda do Vale Sagrado.
Cerca de 200 famílias locais são as responsáveis pela extração e venda do sal num sistema de cooperativa.
O sal depois de extraído passa, então, por um processo de tratamento para remover suas impurezas e adicionar o iodo a fim de deixá-lo apropriado para o consumo. Lá é um dos poucos lugares do mundo onde também há a produção do sal rosa. Grande parte do sal extraído nessa salineira é destinado a exportação.
No dia seguinte, começamos a seguir viagem para Ollantaytambo. Apesar de estarmos saindo de Cusco em direção a Machu Picchu, nossos passeios por aí ainda não haviam terminado! Deixamos os passeios da Lagoa Humantay e da Montanha Colorida para o final da viagem devido a suas altas altitudes. Assim, teríamos mais tempo para a aclimatação.
A primeira parada logo ao sair de Cusco foi em outro centro têxtil, o Awanacancha, onde tecelões nativos demostram suas técnicas milenares de tecelagem que vêm sendo passadas de geração a geração. Não tem como resistir a esses bebês mais fofos que acompanham suas mães no trabalho!
Aqui se tem uma pequena amostra da incrível gama de cores obtidas em suas lãs apenas com o uso de pigmentos naturais.
Nesse centro também nos ensinam as diferenças entre os camelídeos típicos da America do Sul, ou seja, entre as lhamas, alpacas, vicunhas e guanacos.
Próxima parada foi no sítio arqueológico de Pisaq (2.972 m de altitude). Essa é uma ruína não totalmente original, mas que conserva importantes informações sobre a incrível cultura inca. Passear por ruínas não tem o mesmo valor do que quando acompanhado por um bom guia instruído! Isso faz toda a diferença! São muitas histórias e curiosidades a se aprender.
Após um delicioso almoço e um tempinho para descanso fomos para Ollantaytambo (2.792 m de altitude) onde pernoitamos. Ollantaytambo é conhecida como o último ponto de resistência inca aos invasores espanhóis, tendo ainda muito de suas estruturas originais preservadas, inclusive ruelas e casas feitas de pedras. Ao chegarmos, fomos direto para a imensa ruína que lá existe e que conta muito sobre a história e cultura inca. Na parte mais alta desse complexo há imensos granitos que deixam, como sempre, a curiosidade de como transportaram peças tão pesadas. No paredão da montanha, em frente a esse sítio, observamos silos que utilizavam para armazenarem seus alimentos. Devido às características climáticas nesses pontos, os alimentos se mantinham frescos por mais tempo. Nesse complexo também há imensos terraços, locais destinados a estudos astronômicos, cerimônias e templos. Incríveis são as várias janelas espalhadas pelo complexo exatamente calculadas para permitirem a entrada da luz do sol, sobre uma área considerada sagrada por eles, no dia do solstício de inverno. A escolha do cálculo dessas janelas serem, em sua maioria, para o dia do solstício de inverno e não do solstício de verão provavelmente era por essa ser a estação mais seca, ou seja, sem o risco das chuvas que atrapalhariam as grandes cerimônias religiosas.
Para visitar esse sítio tem que ir preparado! São muitas escadarias. Aqui estamos já na parte mais alta e esses pitombos sobressaindo das pedras estão aí pelos incas não terem tido tempo de removê-las, devido a invasão espanhola, como já citei anteriormente. Essas manchas laranjas são líquens que aparecem em locais de ar puro.
Em Ollantaytambo é onde há a última estação de trem com saída para Águas Calientes (2.040 m de altitude), também chamada de Machu Picchu Village, que, por sua vez, é o último vilarejo antes de Machu Picchu. O dia amanheceu chuvoso e com muita neblina, o que poderia estragar nosso passeio! Essa é uma região que mesmo no inverno tem grande possibilidade de chuvas. Sabíamos disso, mas sempre temos a esperança que tudo vai dar certo no dia da nossa visita! O trajeto de trem dura em torno de 1 hora e 45 minutos e a paisagem até lá, seguindo o curso do rio Urubamba, é linda!
Dá para ver como estávamos bem tensos com a previsão do tempo que era só de chuva! Quando chove costuma descer uma neblina sobre Machu Picchu e tampar toda a visibilidade desse complexo. Mas seguimos torcendo para dar tudo certo!
Ao chegarmos na estação de Águas Calientes, a chuva parou (olha a carinha de feliz!). Logo na saída da estação, os paredões montanhosos que cercam Machu Picchu e Águas Calientes já impressionam com sua beleza.
Águas Calientes é bem pequena. Há alguns passeios a se fazer por lá, como banhos termais ou caminhadas por matas e cachoeiras, mas preferimos optar por duas visitas a Machu Picchu, uma na tarde desse dia, com a nossa guia, para que ela pudesse nos contar bastante história sobre esse local, e outra no dia seguinte, pela manhã, sem guia. Algumas pessoas nos disseram que seria bobagem ir a Machu Picchu duas vezes, mas uma amiga minha me deu essa dica e achamos que foi a melhor coisa que fizemos (Thanks, Lívia!)! Machu Picchu é enorme e o tempo de permanência por ingresso está limitado a 4 horas, tempo esse que não é suficiente para percorrer todos os seus circuitos disponíveis!
A vila é cortada pelo rio Urubamba e em suas pontes os turistas costumam colocar os famosos "cadeados do amor", como símbolo de amor eterno e fidelidade. Da ponte pode-se ver a sempre crescente fila para o ônibus que leva até a entrada do sítio arqueológico de Machu Picchu. A fila é realmente sempre grande, mas não é demorada. Eles são muito organizados e há vários ônibus realizando esse trajeto que dura em torno de 30 minutos.
Há também a opção de subir a pé de Águas Calientes até a entrada de Machu Picchu por trilhas que duram em torno de 1 hora e 30 minutos, porém, lembre-se que ainda terá que caminhar muito por dentro desse complexo arqueológico. Para os mais aventureiros há excursões que saem de outras cidades passando por trilhas que podem durar de 2 a 5 dias dependendo de onde se iniciar o trajeto. Lá do alto de Machu Picchu é possível ver alguns dos acampamentos formados por essas excursões.
Para a nossa alegria, o tempo colaborou e a vista principal desse complexo estava perfeita!
Machu Picchu (2.430 m de altitude) foi encontrada pelo explorador norte-americano Hiram Binghman apenas em 1911, quando ele estava, na verdade, em busca do último local que os incas permaneceram após a invasão espanhola, de acordo com suposições históricas. Durante sua busca encontrou moradores da região que lhe relataram algo semelhante a ruínas, quase já encoberta pela floresta, no alto de uma montanha, e eles o guiaram até lá. Ele só não imaginava a grandiosidade histórica que iria encontrar! Binghman só tornou pública sua descoberta em 1912 e continuou a estudando por muitos anos. O nome permaneceu como os locais a chamavam: Machu Picchu, que em quechua significa montanha velha.
Dessa casinha se tem a vista panorâmica da parte principal do complexo (foto anterior), e acredita-se que seria um ponto de observação e controle da região. É conhecida como a casa do vigilante ou a casa do guardião.
Do lado esquerdo pode-se ver a entrada para a parte principal do sítio.
É imponente a cadeia de montanhas que cerca Machu Picchu!
Essa é uma parte do Templo das 3 Janelas com suas pedras gigantes e bem encaixadas que proporcionam uma bela vista.
Do lado direito pode-se ver a Montanha de Wayna Picchu (ou Huayna Picchu), com suas trilhas incas super íngremes e estreitas para os bem mais aventureiros e que não se importam com altura! Para subir essa montanha é necessário um ingresso à parte.
De qualquer lugar que passamos conseguimos ver a casa do vigilante, que na foto está no alto à esquerda.
Dessa janelinha pode-se ver ao fundo, na parte mais alta, o Templo das 3 Janelas. É incrível como tudo se encaixa na construção inca!
Essa é a sala dos espelhos projetada para realizar observações astronômicas mediante o reflexo do céu nos espelhos d'água que se encontram ao nível do piso, na parte central desse recinto.
Alguns dos terraços para o cultivo agrícola que pertencem a Machu Picchu. A casa do vigilante está no alto à direita.
Dessa vez nos lembramos de levar o passaporte para receber o carimbo de Machu Picchu, que fica na saída do sítio.
E o outro dia começou assim, com chuva e muita névoa! Dizem que pela manhã é mais comum ter essa área encoberta por névoas.
Esse é o ponto de onde se tem a vista panorâmica principal de Machu Picchu, como na foto vertical que coloquei anteriormente. Nesse dia não dava para ver absolutamente nada! Ainda bem que já havíamos feito boa parte desse trajeto no dia anterior (por isso essas carinhas tranquilas!!!).
Em pensar que se não fosse a dica da Lívia teríamos comprado o ingresso apenas para esse dia!
Deixamos para conhecer, nesse dia, algum dos circuitos que necessitavam de menos explicações históricas e alguma das áreas que estavam fechadas no dia anterior. Agora, como medida preventiva para a conservação de Machu Picchu, algumas áreas só são abertas para visitação por meio período do dia, como, por exemplo, o Templo do Condor. Começamos seguindo a trilha original inca que leva até ao Portão do Sol (Intipunku, em quechua), considerada uma das portas de controle que guardavam a entrada em Machu Picchu. Essa é uma caminhada moderada que leva em torno de 3 horas, ida e volta (quase o tempo permitido para a permanência em Machu Picchu!). Quando chove, as pedras desse trajeto, muito lisas e já polidas pelo tempo, ficam muito escorregadias. Tem que ter muito cuidado para não cair (como eu)!
Para quem gosta de caminhar e está com tempo, essa é uma trilha bem gostosa de se fazer! Há algumas ruínas no trajeto, tem uma bela vista e é interessante pensar que você está fazendo o mesmo caminho que muitos incas fizeram. Mas, caso não tenha tempo por ter comprado apenas 1 ingresso para a visitação, melhor deixá-la de lado!
Quando voltamos da trilha achamos que a névoa estava baixando, mas logo em seguida ela voltou. Estávamos literalmente nas nuvens!
A diferença de tempo entre esta foto e a anterior foi de 2 segundos!
Da trilha seguimos direto para o Templo do Condor, uma área cerimonial onde se tem a representação de um condor abrindo suas asas. O corpo do condor está esculpido em uma pedra ao nível do chão e suas asas abertas estão representadas na parede de trás, por duas pedras enormes cortadas no formato das asas.
O condor simbolizava para os incas o mundo superior habitado pelos deuses andinos.
Terminamos nossa visita por aí, pois nosso tempo de permanência chegou ao fim. Ainda faltou alguns circuitos como, por exemplo, o da Ponte Inka, ou os que exigem um ingresso à parte, como para a Montanha Wayna Picchu e para a que leva o mesmo nome desse sítio, a Montanha Machu Picchu.
À tarde pegamos o trem para Ollantaytambo, onde uma van já nos esperava para seguirmos de volta a Cusco a fim de realizarmos nossos dois últimos passeios. Pegamos dessa vez uma linha de trem mais barata, mas ainda bastante confortável e com algumas janelas no teto, como na foto abaixo.
Esse foi um dia que a chuva não deu trégua. Mas ficamos felizes por ter tido a oportunidade de ter um lindo sol pelo menos em um dos nossos dias de visitação a Machu Picchu! Ver esse sítio encoberto de névoa também é mágico, mas não sei se iria gostar se só o tivesse visto dessa forma!
No dia seguinte acordamos bem cedo para o passeio a Lagoa Humantay, pois o trajeto de Cusco até lá leva por volta de 4 horas. Ela fica aos pés da Montanha Salkantay, a 4.200 m de altitude. Nos falaram que esse era um trajeto mais tranquilo que o da Montanha Colorida por ser menor, mas siga lendo que te conto a experiência!
A caminhada inicialmente parece tranquila, por ser mais plana. Passamos por alguns acampamentos destinados a turistas que começam, a partir daí, a trilha de 5 dias até Machu Picchu. No caminho é comum encontrarmos cavalos que são oferecidos aos turistas para transportá-los até próximo a lagoa. Preferimos ir caminhando, não só para adaptar aos poucos com a altitude, como para vivenciar melhor essa experiência apreciando com mais calma o passeio e o lugar. Além disso, dá muita dó desses animais que são obrigados a fazer esses percurso inúmeras vezes por dia, de forma rápida para atender ao máximo de turistas, exigindo muito deles. Dá aflição de ver a respiração ofegante deles!
O almoço, que estava incluído no passeio, encontra-se nessas mochilas brancas que carregamos. Uma comida bem gostosa feita para esse piquenique ultra especial!
Esse é o último ponto de apoio antes da lagoa. Pode-se ver ao fundo os iglus para acampamento. Se quiser ir ao banheiro, essa é a hora.
A partir desse ponto a subida é bem íngreme. Do estacionamento até esse ponto gastamos em torno de 30 minutos. Na subida que se seguiu, gastamos em torno de 1 hora e 20 minutos. Havíamos lido que esse trajeto, do estacionamento ao lago, levaria em torno de 1 hora e 30 minutos. Mas não dá! A altitude nos cobra um esforço extra e uma das formas que se tem para driblar isso é caminhar bem devagar.
Parece fácil, não é? Mas olhe desse outro ponto de vista:
Um dos truques para não sentir muito os efeitos da altitude é andar bem devagar e ir dando pequenas paradas para recuperar o folego. Nosso guia nos presenteou com folhas de coca para mastigar e um preparado de ervas, muito semelhante aos óleos essenciais, para cheirarmos. Esse óleo preparado por ele fez toda a diferença! Ele colocava um pouquinho em nossas mãos, depois pedia para friccioná-las uma contra a outra e, então, levá-las em forma de concha ao nariz para inspirarmos de forma lenta e profunda. O alívio vem de imediato! Fizemos isso por 3 vezes durante o trajeto. Ele também é biólogo e foi nos contando coisas interessantes sobre a flora e fauna da região. Não sei como conseguia falar e caminhar ao mesmo tempo! Dá para perceber que fiquei muito sem ar, não é mesmo?!! Fico imaginando se tivéssemos feito esse passeio no primeiro dia da viagem sem ter dado um tempo para a aclimatação.
Outra dica é ir com camadas de roupas. Nessa época do ano é bem frio, mas os esforço da caminhada gera calor e logo queremos nos desfazer de algumas peças.
Aí já estamos quase chegando. Olha como a parte final é ainda mais íngreme!
E esse é o presente que temos ao chegar lá! É realmente lindo! O contraste das cores torna a paisagem mais incrível. A água, que vem do degelo, pode ter seu tom variando do verde esmeralda ao azul turquesa, e nesse dia estava muito esverdeada. Sua temperatura é bem baixa e está recentemente proibida para banhos. O tempo de permanência permitido ao redor da lagoa é de 1 hora, o suficiente para descansar, apreciar a vista, tirar algumas fotos e almoçar.
Nem dá para acreditar no tom da água, mas esse dia estava assim, de um verde realmente intenso!
É, ou não é, para contemplar?!
A volta, por ser descida, é bem mais fácil! Só tem que tomar um pouco de cuidado para não escorregar. Só precisei de cheirar o "óleo milagroso" do nosso guia por 1 vez.
Essas montanhas que contornam a região eram há até pouco tempo cobertas por neve nessa época do ano. Agora só restam estas pouquíssimas camadas de neve e a cada ano vem diminuindo mais!
No outro dia, acordamos novamente de madrugada para um outro passeio de um dia inteiro, agora em direção a Montanha Colorida, também conhecida como Montanha 7 Cores, Montanha Arco-íris ou Winikunka (em quechua), localizada a 5.036 m de altitude. Durante o caminho nos deparamos com vários pastores de alpacas.
O início da trilha que leva à Montanha Colorida está a 3 horas de carro de Cusco e o tempo médio para percorrê-la à pé está em torno de duas horas. Apesar dessa trilha ser mais longa e localizada em maior altitude do que a da lagoa Humantay, achamos bem menos cansativa! Isso porque só o finalzinho dessa trilha nos cobra um esforço maior, por ser mais íngreme. Mesmo assim, é menos abrupta do que a que leva a Humantay.
É desse ponto que se inicia a trilha e onde pode, caso deseje, comprar algum alimento, bebida, ir ao banheiro ou pagar para ser transportado por um cavalo até próximo a montanha.
Há duas vias, uma para os cavalos, outra para os andarilhos. Nosso almoço, que por sinal foi bem gostoso, está nessas sacolinhas brancas. No meio da trilha há um segundo ponto com banheiros para os transeuntes.
O cenário é muito lindo! Percorrê-lo à cavalo parece facilitar e ser mais prazeroso, mas não sei se nos promove a mesma experiência do que ir à pé! Andando temos mais tempo para apreciar essa natureza exuberante, bem como para aclimatar e conseguir enfrentar com menos dificuldade a última etapa da trilha, mais desafiadora.
O transito à cavalo é intenso! Sobem o caminho sempre transportando uma pessoa e logo em seguida descem correndo, praticamente arrastados por seus donos, para pegar o próximo turista. Realizam esse percurso várias vezes ao dia. Pelo menos os poupam e não montam durante cada retorno! O cansaço é visível! Não sei como seus donos também aguentam tanta correria.
E a gente lá, com nossos passinhos de formiguinha para não nos faltar ar!
Aqui a trilha começa a se tornar mais íngreme. Na parte mais alta, do lado esquerdo da imagem, onde há inúmeras pessoas alinhadas, é que se tem a melhor visão para a parte preservada e colorida da montanha, que fica à direita do quadro. E é daí, onde está a última micro-pessoinha mais a esquerda no topo, que fiz as imagens da Montanha Colorida. Desse ângulo mais baixo não dá para ver e nem imaginar como ela é colorida.
É nesse ponto que os cavalos deixam seus passageiros e se inicia a parte mais difícil da trilha. Aí há vários gaviões sobrevoando bem próximos a nossa cabeça!
Nessa penúltima parte da trilha, a que exige mais esforço, há uma corda para ajudar quem necessitar de um de apoio.
Quase lá!!!!
Quando eu estava começando a retornar encontrei nesse mesmo ponto da imagem acima uma moça oriental já quase sem cor, visivelmente passando muito mal (não era essa carinha feliz da minha filha!!). Parecia a ponto de desistir a alguns passos de alcançar seu objetivo! Não aguentei e logo ofereci ajuda com o "óleo milagroso" do nosso guia. Na hora, nem percebi que falei com ela em português! Bom, não sei se foi o desespero dela ou se a minha mímica foi super eficaz, mas ela não só aceitou a ajuda como a ofereceu ao seu companheiro que estava um pouco mais abaixo, também encurvado pela falta de ar, e saiu agradecida com uma carinha bem melhor! Acho que esse empurrãozinho os ajudou a atingirem o topo!
Segue agora algumas imagens da Montanha Colorida. Lógico que não chegam nem perto da beleza que é ao vivo! Mas, posso garantir que ir conhecê-la vale muito a pena. E caso você esteja com planos de ir ao Peru e tenha que escolher, por algum motivo, entre essa trilha e a da lagoa Humantay, não tenha dúvida em escolher a da Montanha Colorida. Afinal, esse é um fenômeno que acontece em pouquíssimos lugares da terra, além de ser uma caminhada bem mais tranquila de realizar. Deixar para fazer esse passeio no fim de sua viagem também ajudará bastante, porque provavelmente você já estará um pouco mais aclimatado.
Aqui é uma vista lá de cima de quem ainda está percorrendo a trilha.
E aqui chego ao fim da nossa aventura! Espero que tenham gostado! Abaixo, deixo, como prometi, a lista com os hotéis e restaurantes que mais gostamos:
Hotéis:
- Lima: Hotel Radisson Miraflores
- Arequipa: Hotel Casa de Avila
- Puno: Hotel Casona Palace
- Cusco: Hotel Monasterio San Pedro - Ao lado do Mercado de Cusco - Café da manhã a partir de 6 h
- Ollantaytambo: Hotel Terra Nostra
- Águas Calientes: Hotel Tierra Viva Machu Picchu
- Cusco: Ramada by Wyndham Costa del Sol Cusco - Café da manhã a partir de 4h30, importante para quem vai sair de madrugada para os passeios
Restaurantes:
- Lima: Alfresco - Adoramos! - Quase ao lado do hotel
- Arequipa: Hatunpa - Cardápio interessante: pratos feitos com os 7 tipos de batata. Bem pequeno - O ideal é reservar com mais antecedência.
- Puno: El Table de Inca
- Cusco: Rucula; INKAGRILL (Praça de Armas) - Cardápio: comida peruana, opções vegetarianas, opções veganas; MAP café - Do mesmo grupo do INKAGRILL - Localizado dentro Museu de Arte Pré-Colombiano - Cardápio: comida peruana, latina, internacional - Mais sofisticado; Ceviche Kitchen; Organika - Pertence ao mesmo grupo do Rucula, mas oferece outro cardápio; Limo - Do mesmo grupo do INKAGRILL e MAP café com outra opção de cardápio: comida japonesa, peruana, frutos do mar - Mais sofisticado - Onde foi nosso jantar de despedida de Cusco.
- Urubamba (a caminho de Ollantaytambo): Tunupa Valle Sagrado - Lugar lindo, que oferece um ótimo self-service de comidas típicas
- Ollantaytambo: Chuspa
- Águas Calientes: Índio Feliz; Green house
Agências:
- Passeio Titicaca: Incalake.com
- Passeio a partir de Cusco: Peru Outdoor Experiences - Essa é uma agência voltada ao turismo de aventuras no Peru, mas adaptaram o programa ao nosso perfil. Nos foi indicada por um amigo Peruano.
- Se quiser acompanhar outros locais de viagens, acompanhe-me também no Instagram: @pelosmeuscaminhos -