Sabe aquela viagem dos sonhos? Só assim para descrever a Patagônia! Uma viagem incrível para quem aprecia aventura e locais de paisagens únicas. Tem aventura para todos os gostos, desde muiiito radicais a mais leves. Ficamos no nível mais leve que dá para fazer muita coisa e aproveitar bastante.
A época escolhida foi a virada do ano de 2016 para 2017, estação de verão na Patagônia, mas ainda muito frio para quem está acostumada a viver em um país tropical. Neste período os dias são mais longos, ideal para aproveitar os diversos passeios por essa natureza exuberante. Há opções de passeios de barco, de 4X4 e vários níveis de trekkings. No inverno, muitos destes passeios são cancelados devido às condições climáticas, mas é o período ideal para quem deseja esquiar ou praticar snowboard.
Começamos por Ushuaia, a cidade mais austral do mundo.
O Primeiro dia foi de vários passeios em um 4X4. Na primeira parada fizemos uma trilha por uma floresta onde nossos guias, biólogos, nos deram informações sobre a vegetação típica da região e nos mostraram a turfa, uma substância macia formada pela decomposição de vegetais em terrenos alagadiços.
Estas orquídeas minúsculas são encontradas no solo de alguns dos bosques em Ushuaia. São tão pequenas que podem passar despercebidas.
As turfeiras são tão macias que nossos pés se afundam nela. A sensação é que estamos pisando em esponjas.
Seguimos a trilha até um mirante para o Vale Carbajal.
Mirante Paso Garibaldi de onde se tem uma bela vista dos lagos Escondido e Fagnano.
Marcas do degelo, em Ushuaia. Em alguns locais estas marcas ficam tão profundas que só dá para passar à pé.
Lago Fagnano - Esse lago é tão grande e o vento na região é tão forte que a paisagem se assemelha a uma praia com um mar agitado.
Não se engane com o verão, pois o vento forte e gelado típico desta época traz uma sensação térmica de temperaturas bem baixas.
Depois de muita caminhada uma parada em um cantinho aconchegante para apreciar o famoso "asado Argentino" (churrasco no Brasil). Oferecem também uma opção de cardápio para quem for vegetariano ou vegano.
Retornamos contornando, por um trecho, as margens do lago Fagnano.
Avenida principal do centro de Ushuaia.
Segundo dia - Pegamos o Trem do Fim do Mundo, que segue muito lentamente por belas paisagens, até próximo ao Parque Nacional Tierra del Fuego, de onde seguimos com uma van.
Foi em um cenário como este, porém no inverno, que as últimas cenas do filme "O Regresso" foram gravadas em Ushuaia. Os moradores locais adoram contar essa história, pois foi pela atuação nesta grande produção que o ator Leonardo DiCaprio levou seu primeiro Oscar de melhor ator, em 2016.
Vista do Trem.
Essa é uma barragem construída por castores no Parque Nacional Tierra del Fuego. Muitas vezes, apenas um casal é suficiente para construir uma grande barragem. Os castores são atualmente considerados como "pragas" em Ushuaia. Eles são naturais do Canadá e foram levados a Ushuaia para que fosse iniciado o comércio de sua pele. Mas, as condições climáticas em Ushuaia eram diferentes das encontradas no Canadá. Os castores ficaram com uma pele menos espessa e o negócio não foi adiante. Os cerca de 20 casais de castores que chegaram a Ushuaia se tornaram mais de 200.000 e não possuem predadores. Por isso, vê-se muitas áreas de bosques com árvores caídas e destruídas em Ushuaia, além de cursos de rios alterados por suas ações. Os transtornos oriundos destes animais são, na verdade, uma preocupação gerada por uma má ação do homem e ainda sem solução encontrada para ser resolvida.
Baía Lapataia, no Parque Nacional, onde se encontra o fim da rodovia Pan-Americana que liga o Alasca ao extremo sul do continente sul-americano, conhecida no seu trecho Argentino por Ruta Nacional 3.
Foto tradicional neste ponto que não poderia faltar.
À tarde, fomos conhecer o Glaciar Martial que fica no Cerro Martial, que funciona como uma estação de esqui no inverno. O carro nos leva até a base da estação e o restante sobe-se à pé. No inverno há a opção de teleféricos para subir até o topo. A paisagem é linda, o que compensa a caminhada. Na parte mais alta os ventos são fortes, a temperatura é mais fria e a possibilidade de chuva é frequente no verão, por isso, sempre é bom ir agasalhado e levar uma capa de chuva.
Essas árvores, muito comuns em Ushuaia, são conhecidas como Árvores Bandeiras pelo formato que assumem devido aos ventos intensos da região.
O terceiro dia foi bem esperado, pois foi o momento de visitar a Isla Martillo, também conhecida como Pinguinera. Essa ilha, no canal de Beagle, é procurada durante o verão pelos pinguins de Magalhães, os Papuas e, mais raramente, pelos pinguins reis para a reprodução. O número de visitantes por dia é limitado para proteger esse santuário, por isso a reserva para este passeio deve ser feita com antecedência. Não é permitido durante a visita falar alto, alimentar, tocar nos animais. Mas durante o trajeto permitido aos visitantes chegamos beeem próximos aos pinguins! Uma experiência realmente incrível!
Depois deste passeio há uma visitação ao Museu Acatushún de Aves e Mamíferos Austrais, onde um biólogo nos conta várias curiosidades interessantes sobre a vida destes animais marinhos.
À tarde, partimos para um passeio de barco pelo Canal de Beagle para visitar a Ilha dos Lobos Marinhos, a Ilha dos Pássaros, o Farol Les Eclaireurs (Farol do Fim do Mundo) e as Ilhas Bridges.
As Ilhas Bridges era o local onde os primeiros habitantes da região gostavam de ficar. O vento lá é muito forte e mesmo vestida com 3 camadas de roupas, sendo 2 térmicas, senti muito frio! E pensar que esses nativos, inacreditavelmente, andavam nus! Eles não tinham um pouso fixo, eram nômades, e se mantinham aquecidos graças ao fogo que carregavam sempre com eles, inclusive em suas canoas, pois passavam boa parte do tempo nelas. O nome Tierra del Fuego vem justamente por estas várias luzes de fogo terem sido a primeira coisa avistada pelos primeiros europeus que chegaram em Ushuaia. Naquela época, para eles enfrentarem o frio, consumiam boa quantidade de carne de lobo e de leões marinhos, altamente calóricas, e passavam a gordura destes animais sobre o corpo, que, apesar do mal cheiro, funcionava como um bom isolante térmico. Este povo, conhecido por Yámana, infelizmente, foi devastado pelos colonizadores.
Quarto dia - de manhã, visitamos o Museu Marítimo e o Presídio de Ushuaia, primeiro estabelecimento desta cidade. À tarde, fizemos a caminhada até a Laguna Esmeralda. O cenário é lindíssimo! No retorno do trajeto vimos algumas castoreiras, diques construídos por castores, e demos a sorte de observar um castor.
No final da caminhada eles oferecem um lanche. 20h30 e o dia ainda claro do lado de fora.
Esse é o Hotel Albatros que ficamos em Ushuaia, num ponto bem central da cidade.
A noite de réveillon passamos já em El Calafate. Lá não há grandes festas, músicas, fogos de artifício. Comemoramos essa noite em um restaurante que preparou uma ceia para a ocasião. Apesar de ser uma comemoração simples, foi bem gostosa.
No primeiro dia do ano fizemos dois passeios muito bons! Pela manhã, caminhamos pelas Passarelas Perito Moreno que oferecem 4,7 km de extensão para visualizar, de diversos pontos, esse incrível glaciar. A beleza dele é indescritível! Por mais imagens que você já tenha visto não dá para sentir a imponência dele da mesma maneira que ao vê-lo de perto! Este Glaciar é um dos poucos que ainda crescem no mundo em contrapartida ao aquecimento global. A medida que ele cresce em sua parte central, ocorre desprendimentos de gelo em suas bordas, o que faz o seu tamanho ser estável há muitos anos.
Veja como as pessoas parecem formiguinhas diante deste gigante.
É tão lindo que a cada ângulo é irresistível não fazer uma nova foto!
Uma das atrações é esperar para ver o desprendimento de blocos de gelo do paredão do glaciar. Primeiro ouve-se um estrondo do bloco se desprendendo e em seguida um forte rugido do gelo colidindo na água e gerando uma onda no lago. Esse gelo na água visto na imagem é um dos blocos que se desprendeu no dia anterior.
À tarde, partimos para uma das melhores experiências em El Calafate: o mini trekking sobre o Glaciar Perito Moreno. Esse é o barco que nos leva até o ponto onde se pode caminhar sobre esse glaciar.
Havia muitos turistas, mas não atrapalhou em nada! Os organizadores depois nos dividem em pequenos grupos que saem intercalados.
Antes de andar sobre o glaciar colocamos sob o sapato um solado de grampos para que pudêssemos andar sobre o gelo. Há toda uma explicação prévia de como andar com este solado sem se machucar ou escorregar e o que deve ser observado na trilha para evitar acidentes, como áreas de fissuras e derretimento do gelo.
É incrível você ficar cercado por esses paredões de gelo. Parecem esculturas de tão perfeito!
Um novo grupo chegando para o mini trekking. O ideal para esta atividade é se agasalhar em camadas. O local é muito frio, mas durante a atividade o corpo aquece e sentimos calor. É muito comum chover também. Pegamos um pouco de chuva bem fraquinha que não atrapalhou o passeio. Um casaco impermeável ou uma capa de chuva ajuda também.
No segundo dia do ano fizemos o passeio Rios de Hielo que consiste em navegar pelo braço norte do Lago Argentino para ver os Glaciares Upsala, Seco e Spegazzini, além de enormes e magníficos icebergs pelo caminho.
O barco é grande, confortável, com área coberta e externa. Quando aparecem os primeiros icebergs há um pouco de tumulto porque todos saem para a área externa ao mesmo tempo e querem fotografá-los. Mas o passeio é longo e logo todos vão se acomodando e fica mais tranquilo.
Icebergs originários do Glaciar Upsala - São tantos formatos, texturas e cores, uma explosão de esculturas naturais em constante modificação.
No meio do caminho o tempo fechou com nuvens bem escuras, o que acabou gerando um cenário bem interessante pelo contraste com os tons dos icebergs. O iceberg da foto acima era tão grande que precisei fazer uma panorâmica com 2 imagens para pegar quase toda a sua extensão.
O momento de um desprendimento de blocos de gelo e sua explosão abaixo.
No final da tarde desse dia voltamos para as Passarelas Perito Moreno. O tempo oferecido pelos pacotes de passeio na passarela é um pouco curto para fazer todo o trajeto e poder apreciar com calma esse lugar tão incrível. O dono da pousada Madre Tierra em que ficamos ofereceu para nos levar lá novamente para refazermos esse trajeto sem correria.
No último dia fomos conhecer as Torres del Paine. Esse é um passeio de um dia inteiro, pois elas se localizam no Chile e temos que atravessar a fronteira.
O caminho é repleto de árvores queimadas devido ao grande incêndio que atingiu o Parque Nacional Torres del Paine no final de 2011. Desde então, a natureza vem se recuperando aos poucos.
Foi um dia de muita chuva, o que atrapalhou um pouco o passeio. Mas, pelo menos conseguimos ver as Torres del Paine, mesmo estando um pouco encobertas.
Ainda há muitas outras opções de passeios pela Patagônia. Desde escaladas, acampamentos, passeios a cavalo a observação de pumas. Vale a pena pesquisar e adequar suas escolhas de acordo com o seu tempo disponível e o nível de aventura que deseja.
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