Fui convidada pela jornalista Maria Teresa Leal do "Por A mais B" para falar sobre Fotografia Documental de Família. Ela viu o meu trabalho e se interessou em saber mais sobre esta nova maneira de registrar as famílias.
Foi um papo bem gostoso! Conversamos um pouco sobre a minha trajetória, sobre como começou a Fotografia Documental de Família, o que ela significa e como funciona.
Confira o #repost da entrevista abaixo e veja o quanto esta forma de registrar a família, em sua rotina, exatamente do jeitinho que ela é, se torna uma memória valiosa para as pessoas. São memórias não apenas físicas, mas das relações, da maneira de ser de cada membro da família, de suas expressões, dos sentimentos que os envolvem.
POEMAS IMAGÉTICOS DO COTIDIANO REVELAM "A VERDADE DE CADA UM" NAS FOTOGRAFIAS DE ADRIANA COSTA
Por A mais B, Fotógrafa Convidada: Adriana Costa descobriu que passar “verdade” tornava a foto mais viva; era isso que queria e chegou à “Fotografia Documental de Família” Maria Teresa Leal (*)
Já ouviu falar em “Fotografia Documental de Família”?
O termo refere-se a uma tendência baseada em trabalhos de renomados fotógrafos que registravam suas próprias famílias no cotidiano. A brincadeira virou coisa séria e tornou-se um estilo já bastante difundido nos EUA, Canadá e Europa e começa a ganhar mercado no Brasil.
A proposta é a mesma: registrar famílias ou pessoas de forma despojada, sem poses, caras ou bocas. O fotógrafo fica o mais “invisível” possível, enquanto o fotografado desenvolve suas tarefas do dia a dia como estudar, brincar, jogar bola, fazer a barba, almoçar, levar os filhos à escola… colocar as crianças para dormir. Quanto mais tempo o profissional passa com a família, mais naturalmente as pessoas agem e melhor é o resultado. A premissa básica é que a foto seja “viva”, “pujante” e “verdadeira”.
Em Belo Horizonte, a fotógrafa Adriana Costa é uma das pioneiras nessa linha com resultados surpreendentes. De cenas comuns, ela extrai sentimentos como alegria, tristeza, amor, ternura, frustração ou decepção… de forma leve, como num poema imagético. Curioso é que, sem saber, ela já fazia isso ao retratar as filhas intuitiva e, amadoramente, no final dos anos 90.
Algum tempo depois, no final dos anos 2000, quando decidiu abandonar a carreira de dentista para se aventurar pela fotografia, muita gente duvidou de seu bom senso. Mas Adriana sabia que a reboque de uma paixão, iria longe: faria cursos, aceitaria grandes trabalhos, atravessaria noites em eventos ou no solitário ofício de editar e tratar as imagens.
Na época foi um tiro no escuro: Adriana não tinha certeza de nada. Apenas sentia-se desmotivada no consultório de odontopediatria, onde atuava há 20 anos. Com técnica e métodos dominados, a rotina e a ausência de desafios começaram a lhe pesar. Queria experimentar coisas novas. Mas não sabia bem o quê. Então, lembrou-se de quanto prazer lhe dava fotografar as filhas pequenas e quantos filmes já havia revelado. Decidiu fazer um curso básico apenas para aprender a manusear melhor sua câmera e aprimorar seus registros.
Gostou tanto que logo se matriculou em outro curso de fotografia com duração de um ano. Nessa época comprou sua primeira câmera profissional e começou a surpreender nos exercícios práticos. Adriana tinha uma sofisticação natural, rara em fotógrafos iniciantes. As imagens que captava eram sempre limpas, bem compostas e, principalmente, espontâneas. Descobriu que passar “verdade” tornava a foto mais viva. Era isso que queria.
Surgiu o primeiro convite para um trabalho: era um simples batizado. Mas ela adorou. Divertiu-se tanto que pensou que aquilo era o que queria fazer dali por diante. Logo surgiram outros trabalhos e ela percebeu que não podia mais adiar a escolha: fechou o consultório. Era final de 2009. No ano seguinte, iniciou o curso de Design Gráfico no INAP (Instituto de Arte e Projeto). Queria ampliar o conhecimento sobre tratamento de imagens e seus conceitos de arte em geral.
Na sequência, fez outro curso de fotografia. Desta vez, com foco no aprimoramento do olhar. Saiu-se tão bem que foi convidada pelo renomado fotógrafo Vinícius Matos para trabalhar com ele em sua empresa: a La Foto. Durante quatro anos, fez muitas cerimônias de enlace e aprendeu muito sobre luz, ângulos e edição. “Prática é tudo”, atesta. Outro ponto positivo dessa época foi o contato com professores de outros países que vinham lecionar na Escola de Imagem – também de Vinícius Matos, o que abriu seu leque de conhecimentos. “Meu olhar foi mudando, amadurecendo…”
Por A mais B, Fotógrafa Convidada: Adriana Costa e a Fotografia Documental de Família; ‘viva e pujante’
“Me sinto realizada. Fotografar me entusiasma, me deixa plenamente feliz. O que eu gostaria que as pessoas vissem na minha fotografia? Transparência e espontaneidade. Uma bela foto precisa transmitir sensação, sentimento, realidade e verdade”
“Vivo uma nova fase de afirmar-me na Fotografia Documental de Família. É como se minha carreira começasse agora, com quase 50 anos! Agrada-me esta fotografia simples, cheia de emoção. Encaro meu trabalho com muita responsabilidade, muito prazer e sempre me divirto. Como fotógrafa profissional, posso fazer o que mais gosto: contar histórias através das imagens”
Por A mais B, Fotógrafa Convidada: Adriana Costa e a Fotografia Documental de Família; ‘viva e pujante’
Referências
Adriana Costa é uma estudiosa. Com seis anos de profissão, não para de se atualizar por meio de cursos, pesquisas e viagens. “Vou atrás de quem está fazendo coisas diferentes, mesmo que não seja relacionado ao tema no qual atuo. Recentemente, por exemplo, fiz cursos com Juliano Coelho e João Guedes, que trabalham com retratos femininos. Com o Juliano, me encantei pela maneira como ele se conecta com a pessoa a ser fotografada. E, com o João, aprimorei minha forma de enxergar a luz”. Suas principais referências na fotografia de família são Kirsten Lewis, Jenna Shoudice, Alain Laboile e Niki Boon.
Luz
Filha do engenheiro civil, Nestor Araujo Costa, de Nova Era e da dona de casa, Déa Innecco Costa, Adriana, mineira de BH, é minuciosa, detalhista e prefere a luz natural ao flash porque traz “um mistério, uma sensação mais agradável e real”.
Essência
Quando encerrou sua experiência na La Foto, Adriana teve a ideia de retratar pessoas que se dedicam a uma atividade por amor. “A vida precisa de paixão. Tem gente que não encontra isso na profissão, mas numa atividade paralela que também inspira, revigora, alegra… Queria fazer um projeto com pessoas que foram atrás de suas essências. Comecei conversando com quem estava à minha volta, gente que eu já conhecia a história”. Deu certo. A série de entrevistas e fotos dos personagens compõe um belo mosaico que nos faz refletir sobre nossas próprias escolhas. Está disponível em www.adrianacostafotos.com
Mercado
“Cada nova forma de trabalho exige um tempo para a aceitação e reconhecimento. Para o mineiro, por sua natureza reservada, este tempo pode ser maior. A Fotografia Documental de Família, por exemplo, pode demorar um pouco mais para ser aceita por aqui, mas tenho certeza que as pessoas vão se encantar por esta linha de trabalho.”
(*) A jornalista Maria Teresa Leal é colaboradora ‘hot people’ do Por A mais B